sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Amor É

Sara, esse amor dói. É tão intenso, tão clarividente, tão puro, tão maior do que tudo, que faz de nós calçada pisada, repisada, angustiada e agastada. E se nos dessem a possibilidade de não sentir essa dor? Antes mortos e já!!! Antes gemer à tortura lenta da sua lâmina que salvo pela negação do que é a minha própria existência! Que venha a dor! Que aperte e torça e ignore os meus gritos de clemência! Que faça parecer a pessoa amada ainda mais amável para que o sofrimento possa simplesmente tornar-se insuportável ao coração e se torne na dor física aguda e surpreendentemente real. O amor aí mostra-se real. Existe de facto, com prova física!
Essa dor é tão bela que nos pode fazer seus prisioneiros de livre vontade… Mas prisioneiros não poderemos ver o céu, a lua, o sol, o mar… tudo o que está à nossa frente, tudo aquilo que podemos amar.

O Amor mostrou-me outro caminho. Que não é tanto e tão pouco.

Todos os dias me abre uma nova brecha por onde me premeia com um pouco mais da verdade, de Amor.

O Amor pede um constante emanar. Dar, dar, dar! Por vezes ficar triste ou até magoado… arrasado. Enquanto cair por ter amado, não faltaram forças para me levantar. Dar, dar, continuar a dar! Dar em dobro do que alguma vez sonhamos vir a receber e ficar grato pelo mais breve sorriso quando esse é sincero.

Há tanto sítio para onde o podemos direccionar e tanto de onde o podemos receber.

Ele vem de uma mãe que dedica a vida a um filho, de um olhar que desconhecíamos mas que não nos é estranho, vem do abraço apertado dos braços pequenos e autênticos de uma criança, do cão que de cauda a abanar e língua de fora nos cumprimenta da primeira vez que nos conhece, dos sítios mágicos da Natureza que nos fazem tão pequeninos, das construções do Homem que nos arrebatam…

O Amor supera o sonho. É a única imagem que vamos recordar antes do nosso último fechar de olhos. Não vai ser o jeito que tínhamos para um desporto, o dinheiro que ganhámos numa certa profissão, a razão e a forma como a provámos numa determinada discussão ou aquelas preocupações que nos pesam em alguns dias. Vão ser apenas rostos, e tudo aquilo que nos deram e fizeram sentir pela sua simples existência e o quão inexcedivelmente valiosa se tornou esta breve existência pelo privilégio que foi amá-los a todos. No final, foi a única coisa que existiu - Amor.

3 comentários:

Sara Almeida disse...

E eu tive o privilégio de te conhecer pois deixaste-me sem palavras! É isso mesmo! O amor é isto e muito mais... Há tanto para dizer e tudo o que falaste resume aquilo que eu própria sinto em relação ao mundo e à vida.
Um Beijo meu amigo.

Sara

Bela Isa disse...

Obrigada pelas visitas ao meu blog e pelos comentários...
E é isso, tudo isso, o amor. Porque o amor existe.

Sofia disse...

Acho que estou na fase da negação. Quero distância de tudo aquilo que exija muito de mim - por estes dias e sem razão aparente, sinto-me completamente incapaz de amar. O amar à minha maneira exige-me muita consciência... tornou-se doloroso. Sinto-me presa ao amar. Não é uma sensação de dependência, mas sinto-me presa, sufocada...não me sinto nada bem a ideia de que posso estar a amar alguém.

(Desculpa o desabafo) Tá fantástico o texto:)

Fica bem. Bjinho