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Cortei o cabelo. Não conseguia mais suportar a recordação do teu agarrar trémulo de punhos fechados. Foi um acto de misericórdia. Ia consumir-se à espera do instante em que voltarias a tocá-lo. Não pacificaria. Ia consumi-lo. Um constante contar de segundos, ao ritmo da batida do teu coração, que decorou e que o corrói… Simplesmente não consegue esquecer-te. Tenta abandonar a memória do arrepio em que o envolveste. Tenta despir-se do teu suor, veneno que o condenou a jamais cessar desejar-te.
O mesmo que te viu a ti, o mesmo que viu o teu corpo, não sobreviveria. Cortei-o.